quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Cristo e os Cristãos

Por Salomão Sarmento
 RESUMO DO CAPÍTULO: CRISTO E OS CRISTÃOS - AUTOR: AMIN A. RODOR Th.D
REVISTA PAROUSIA ANO 7 – N. 1
É preciso entender que Cristo está infinitamente separado de todos os seres humanos quanto ao problema do pecado, inclusive dos cristãos, que, mesmo depois do novo nascimento, embora não estejam mais sob o domínio do pecado, ainda permanecem com a natureza caída até a glorificação final. A encarnação de Cristo é a doutrina chave do cristianismo. Diante de tal importância, surgiram diversas escolas posicionando-se sobre a divindade e humanidade de Cristo: Ebionismo, docetismo, arianismo, monarquianismo, nestorianismo, apolinarianismo e etc. Estas heresias representaram desvios de duas verdades fundamentais: 1. Jesus era pleno Deus e pleno homem. 2. Jesus era uma pessoa e não duas.
Este resumo busca demonstrar as contradições internas da teoria pós-lapsariana. Além das questões relacionadas à exclusiva identidade e missão de Jesus Cristo, que o torna absolutamente separado de nossa natureza pecaminosa. Jesus não poderia ser infectado pela natureza caída dos descendentes de Adão. Com base nesta afirmação, serão analisadas, as declarações de Jones e Waggoner, a carta de Baker, dentre outras.
Para Ellen White “a humanidade do filho de Deus é tudo para nós. Ela é a cadeia de ouro que une nossas almas a Cristo, e através de Cristo a Deus”.
Duas posições se dividem, em ênfases opostas:
Pré-lapsariana – Buscando preservar a singularidade de Cristo, como o 2º Adão, defende que, na encarnação, Ele, do ponto de vista moral e espiritual, assumiu a natureza de Adão antes da queda (conhecida também como pré-queda), não sendo, portanto, infectado pelas propensões do pecado e tendências corruptas com as quais todos os demais seres humanos nascem. Sua humanidade foi afetada pelas conseqüências da queda, portanto, Cristo sentiu fome, sede, dor, cansaço, tristeza e até a morte.
Pós-lapsariana – Pelo fato de Jesus ser o filho de Maria, sustenta que Ele veio com a natureza carnal, no sentido de natureza humana pecaminosa, com as tendências para o pecado. A ênfase é posta na identificação de Jesus com a natureza caída. O argumento básico dos defensores da teoria pós-queda é que na encarnação Jesus assumiu a natureza humana pecaminosa, tanto física quanto moral e espiritual, com todas as características da humanidade caída. Cem por cento iguais. Observe esta declaração de A. T. Jones: “não existe uma partícula de diferença” entre a humanidade de Cristo e a nossa. Afirma esta teoria, que o pecado não está presente, até que ele se manifeste em atos. Isso, conseqüentemente leva à teoria perfeccionista “Jesus foi como nós, e nós podemos ser como Ele”. Portanto, nós podemos “vencer como Ele venceu”. Defensores do pós-lapsarianismo Colin e Russel Standish e Ralph Larson, entre outros, se deleitam em acusar os que discordam deles, de seguidores do catolicismo romano, quanto à idéia do pecado original. E ainda os seguidores de A. T. Jones e Waggoner sustentam a afirmação de que a posição pós-lapsariana foi o ponto central na reunião de 1888.
Nós não somos chamados para nos tornarmos uma duplicata de Jesus. Os cristãos não vencem como Jesus, eles vencem porque Ele venceu. Podemos estar em pecado, independente de cometer os atos pecaminosos. Pecado é um estado que escraviza a vontade, um poder destrutivo, enterrado nas profundezas da natureza humana. É da compreensão errônea pós-lapsariana que emergem tanto o legalismo buscando justificação perante Deus através de atos meritórios de justiça humana, quanto o perfeccionismo trivializando o ideal divino, reduzindo a norma de perfeição bíblica, para entendê-la em termos de atos externos como dieta vegetariana, abstenção de açúcar, etc. Dizer que Cristo é igual a nós (100%), é declarar que a vida cristã passa a ser uma espécie de competição com Cristo. O homem é um ser criado por Deus, que pela entrada do pecado, separou-se do Criador. Em conseqüência, toda posteridade de Adão herdou os resultados e a inclinação de seu (de Adão) pecado, sendo a maior delas a separação de Deus. A queda envolveu todos os homens. A mente carnal está em inimizade contra Deus. O pecado perverteu e desorganizou sua natureza. Pecado e morte mantêm domínio sobre o homem caído. Através de adão sobreveio a todos “juízo e condenação (Romanos 5: 18); pela desobediência de Adão todos foram infectados pelo vírus do mal (Romanos 5: 15 e 16). Jesus definiu o pecado em termos que silenciam qualquer noção simplista, superficial e farisaica da doença: “Pois do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios...” (Marcos 7: 21), portanto, pecado não é meramente uma questão de atos pecaminosos, mas de uma condição, na qual o homem natural é nascido. Para Davi, a vida humana não escapa aos efeitos dos pecados, mesmo em seu estágio formativo: “Certamente em iniqüidade fui formado e em pecado me concebeu a minha mãe”. O ser humano veio a terra com um defeito de fabricação no DNA, que se tornou a nossa natureza primária pós-queda. Um homem nascido sob tais degradações, não serve para ser o Salvador da humanidade.
Os defensores da posição pré-lapsariana não crêem que o ser humano recebe a culpa de Adão, mas a herança espiritual de sua queda. Esta herança doa uma propensão para o pecado. Tal propensão se torna a tendência primária, até que seja contrabalançada pela conversão, e a experiência do novo nascimento. Portanto, “os adventistas crêem na doutrina bíblica do pecado original. Morte, não culpa, passou de Adão para todos”. Jesus foi um genuíno ser humano. Ele tomou a natureza física, sujeita a todos os efeitos do pecado, exceto o próprio pecado. Ele tomou sobre si os pecados e a culpa de todo o mundo.
Sua identificação conosco, não deve obscurecer duas verdades fundamentais para nossa discussão: A extensão de sua identificação conosco foi determinada por quem Ele era. A extensão de sua identificação conosco foi determinada por sua missão como o Salvador da humanidade. Sua identidade – Como monogenes (único do seu tipo – João 3: 16) de Deus, Jesus foi um ser único, exclusivo, irrepetível. Sua missão – Jesus veio com a natureza pré-lapsariana. Sua missão era salvar a humanidade. Se Ele tivesse vindo com a natureza de todos os demais membros da raça humana, Ele seria parte do problema do pecado, e não a solução. Então, quem seria o salvador dEle?
Para Ellen White, “o homem não pode fazer expiação pelo homem”, uma vez que “sua condição caída constituiria uma oferta imperfeita”. Jesus não era igual, mas semelhante. Por isso que em Romanos 8: 3; “Deus enviou seu filho em semelhança (homoioma), da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne. Jesus veio sem pecado, entrou no mundo afetado pelas limitações do pecado, embora preservando a santidade como o novo Adão. Ele assumiu a condição posterior à queda, limitado em cada aspecto. Havia nEle tanto a santidade da nova criação, quanto a deterioração de quatro mil anos de história da queda humana. “Ele começou onde o primeiro Adão havia começado. Ele passou pelo mesmo terreno onde o primeiro Adão caiu, e redimiu a falha de Adão”. “Ele (Cristo) venceu Satanás, na mesma natureza sobre a qual, no Éden, Satanás, havia obtido a vitória”. (Ellen White). Ela também disse: “Se a lei se estendesse apena à conduta exterior, os homens não seriam culpados por seus pensamentos errados, desejos e desígnios. Mas a lei requer que a própria alma seja pura e a mente santa, que os pensamentos e sentimentos possam estar de harmonia com a norma do amor e justiça”. Se apenas os atos fossem julgados, quem saberia se Jesus foi um vencedor? A própria Bíblia fala: “A boca fala do que o coração está cheio”. “Onde está o tesouro ai está o teu coração”. (Entende-se por coração mente).
Os defensores da posição pós-lapsariana dizem que este tema foi um dos assuntos principais na Assembléia da Conferência Geral de 1888, em Minneápolis. Todavia, não há registros na agenda da Conferência Geral, nem de Ellen White e nem dos filhos de Ellen White, de que este assunto tenha sido discutido. Somente depois desta Assembléia, em 1895, é que Jones insiste que a natureza de Cristo é totalmente igual a nossa. Os defensores desta teoria insistem que foi assunto em Minneápolis para terem o aval de Ellen White. Mas a Sra. White afirmou em 1888, quando o assunto da justificação pela fé foi exposto, que “algumas interpretações das Escrituras, dadas pelo Dr. Waggoner, eu não considero como corretas”. Posteriormente Ela discordou do Dr. Waggoner nas suas afirmações de que Jesus Cristo tivesse tido um começo e de que Cristo não pudesse pecar.
Em 1895, A. T. Jones disse que “não existe uma partícula de diferença” entre a humanidade de Cristo e a nossa. Ellen White deixa claro que tal frase provém de uma heresia. “Ele, Cristo, não era como as demais crianças”. E ela menciona da “Sua inclinação para o que é justo”. Qual ser humano tem inclinação para o que é justo? Na carta dirigida a Baker, Ellen White deixa clarificado que Cristo não deve ser apresentado diante das pessoas como um homem com propensões para o pecado. Todos os seres humanos são por si só pecaminosos. Cristo, em contraste, é apresentado como “Um ser puro, não contaminado pelo pecado...” sem manchas ou propensões. Nenhum ser humano, 100% igual a nós, foi gerado pelo Espírito Santo. Cristo é apresentado na carta como Aquele que nunca teve mancha e nem cedeu ao pecado. “Nunca, de nenhuma forma, deixeis a mais leve impressão sobre as mentes humanas, de que a mancha, ou as inclinações para corrupção repousou sobre Cristo, ou que Ele, sob qualquer circunstância, tenha cedido à corrupção”. E Ellen White faz mais uma advertência séria na carta “mas que cada ser humano seja advertido do perigo de tornar Cristo completamente humano, tal como um de nós”, pois isto não pode ser”. Portanto, Ela descreve Cristo como tendo uma natureza degradada, enfraquecida, deteriorada, caída, pecaminosa, enferma, por isso que Jesus foi susceptível à dor, cansaço, fome, sede e até mesmo a morte. Mas, ela afirma que Ele não tinha as propensões malignas, ou seja, propensões para o pecado. Cristo não participou da corrupção do homem, de suas paixões, do orgulho humano, inveja, rivalidade, egoísmo ou qualquer inclinação para o mal. Jesus foi afetado pelo pecado, mas não infectado por ele. Jesus teve o pecado sobre Ele, mas não nEle. Morreu na cruz, mas não da cruz. Querer explicar a humanidade de Cristo a partir da nossa própria humanidade, no mínimo é um erro.
O autor demonstra que realizou uma pesquisa árdua para realização do artigo. Foi organizado de tal forma, que se torna um documento, para qualquer pessoa em sã consciência, entender totalmente que Cristo é totalmente Deus e totalmente homem, sem confusão, sem separação. Afetado pelo pecado, herdando as conseqüências da natureza humana, mas não foi infectado pelo pecado. Cristo não possuía propensões malignas. Ele venceu onde o primeiro Adão caiu e redimiu o primeiro Adão. Cristo, conforme menciona a Bíblia e os escritos de Ellen White, é o segundo Adão.

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