segunda-feira, 9 de abril de 2012

A Influência Dos Meios De Comunicação

       Os meios de comunicação podem conduzir a atitudes e pensamentos contrários ao evangelho

    RAEstamos na era das Telecomunicações. Até que ponto podemos ser influenciados pela mídia? Ela altera comportamentos?
VSL Mídia é a somatória dos meios de comunicação: rádio, TV, jornal, revista, outdoor, propagandas em geral, etc. ela é necessária a qualquer sociedade civilizada e não há como viver hoje sem estar envolvido com ela. A maneira como é utilizada, entretanto, nem sempre é de forma eticamente aceitável. Ela nos atinge passiva ou ativamente, positiva ou negativamente. E como vivemos em um mundo capitalista, que necessita de consumo para o crescimento e sobrevivência, a mídia é o veículo adequado para impulsionar o processo que tende a visualizar mais as coisas do que as pessoas.
            Não é necessário ligar o aparelho para estar envolvido com a propaganda. Basta dirigir na cidade, que os outdoors estão lá de plantão, basta vestir um tênis que a marca está lá... e pior, na época da Copa de 98, apontar o indicador para cima já era fazer, inconscientemente, propaganda de cerveja.

Na propaganda, o que há de mais importante é ser o primeiro a chegar a sua mente e fazer de você um cliente. E se o elemento em questão é a mente, o assunto é realmente sério. As pessoas que lidam com a mídia sabem que o ser humano tem desejos, ansiedades, sonhos, e que, se relacionarem seus produtos a essas necessidades materiais (e mesmo espirituais), conseguirão consumidores em potencial.

Exemplo: “Kolinos, o gosto da vitória!” Não há vitória em Kolinos; há uma associação de um bem espiritual (vitória) com um bem material (creme dental). O fato de que o creme dental previne as cáries não é relevante para as pessoas, portanto, não se vende prevenção, vendem-se ilusões de realização.

Assim, podemos ser influenciados pela mídia porque ela entra em nossa mente sem pedir licença.

A propaganda privilegia o fracasso, a carência, a necessidade, porque sabe que uma pessoa realizada não necessita de consumo para se afirmar. O comportamento se molda a partir de impressões cristalizadas pelo tempo. Hábitos formados por sugestões da mídia podem facilmente alterar seus valores de forma inconsciente. Você não precisa decidir para que sua mente seja influenciada e aqui está a diferença entre a mídia e o evangelho, que é também comunicação por excelência. Para aceitar um novo comportamento cristão, você precisa tomar decisões conscientes. A mídia não pede licença para entrar em sua vida. Jesus, sim. Aquele que pregou a liberdade, Aquele que é a Liberdade em Pessoa diz: “Eis que estou à porta e bato, se você abrir...” Veja, “se você abrir”, Jesus não força; Ele quer alterar nosso comportamento também, mas com a nossa escolha, com a nossa decisão.

 RAOs pontos no IBOPE são o alvo dos meios de comunicação. Isso parece estar causando um rebaixamento da moral e dos bons costumes. Qual deve ser a postura do cristão diante disso?

VSL – Excetuando-se alguns poucos programas, ninguém faz TV por amor ao próximo (aliás, parece que não se faz mais quase nada por amor ao próximo). A programação é parte de uma máquina que visa dinheiro, muito dinheiro. Quanto mais qualidade se aplica, maior o preço cobrado. Um filme pode custar 200 milhões, como no caso do Titanic, mas o retorno é certo (e que retorno!). as propagandas podem custar milhares de reais por segundo em horários nobre e por que são tão caras? Simples, porque têm retorno. Portanto, se a opinião pública demonstra não apreciar certo produto, ele estará fora de circulação ou sofrerá significativas alterações (procedimento muito freqüente em novelas). A arte imita a vida que imita os cofres dos produtores.

            Portanto, quando um produto não rende o esperado, ocorrem mudanças que, com toda certeza, não serão feitas com base no crescimento moral da população, mas nos índices do IBOPE. E para isso vale tudo: sexo, violência, etc.

            Há algum tempo, a rede OM de televisão (hoje, CNT) resolveu pôr um filme obsceno no ar. Várias sociedades protestaram: “Onde já se viu colocar pornografia na televisão!” A reação da Rede foi a mais previsível possível: “Estamos quase no século XXI e não há censura. Não gostam do filme? Vocês são livres, mudem de canal!” Por que é que a TV usa essa argumentação? Ironicamente, porque extraíram da Bíblia um conceito que, usado às avessas, conduz sua filosofia: “O bem que quero fazer, esse não faço; o mal que não quero fazer, esse faço.” Esse texto do apóstolo Paulo mostra a angústia que o homem passa quanto às suas intenções e seus atos. A psicologia da TV, portanto, é a seguinte: “o bom filme a que a sociedade gostaria de ver, a esse ela não vê; mas o mau filme, a baixaria que ela gostaria de evitar, a esse/essa ela vê. E se as pessoas assistem a esses programas, mesmo sem querer, dão-nos IBOPE; e é isso que nos interessa.”

RAComo os pais devem agir com os filhos em relação à TV? Censurar, simplesmente?

VSL – A concorrência é desleal. Pesquisas indicam que os pais gastam muito pouco tempo com os filhos por semana. Somos transformados ou moldados por aquilo que passamos mais tempo contemplando. O problema é que o televisor reveste a mensagem com uma beleza incomum, irreal. Tanto cria, como acaricia nossas necessidades e nosso ego para obter cada vez mais nossa atenção e aprovação; molda seus programas a essas necessidades e carências. E com as crianças não é diferente. E o pior é que para elas o bombardeamento se apresenta em suas piores cores. Elas são um tremendo mercado hoje e mais ainda, um mercado futuro em potencial.

            É sabido que o comportamento não se altera pela verdade científica. As pessoas não são transformadas pela verdade da ciência, mas pela beleza. A verdade exige decisão, tomada de atitude consciente. Quando uma criança está na frente do televisor, ela não precisa exercitar o poder de decisão. As mensagens já vêm decididas (não se iluda com o programa Você Decide; muita coisa vital já vem decidida). A beleza e graça das personagens que imitam a vida real são imbatíveis. É como a visita de um tio que dá presentes, beijinhos e sorvete, mas quem tem que punir os erros é o pai. A parte difícil da educação compete aos pais. Assim é com a TV: mostra só o “belo”, prende a atenção da garotada e os pais, que já dispõem de pouco tempo para a educação dos filhos, quando querem colocá-los nos trilhos, têm de apresentar a dolorida verdade. É óbvio que as crianças inconscientemente preferirão a Xuxa ou a Angélica; afinal, “elas não brigam com a gente”.

            Lembre-se: a batalha é vencida por aquele que chega primeiro à mente. Quem está ocupando o primeiro lugar na mente de seus filhos?


RA –
Há um conflito evidente entre o que os jovens ouvem nos cultos e os valores e costumes que lhes são transmitidos pela mídia. Como fica a mente deles diante disso?

VSL – Se cremos em tudo o que é dito na Igreja e aceitamos as lições extraídas da Bíblia, mas vivemos de forma oposta àquilo com que concordamos, estaremos criando uma diferença muito grande entre a teoria e a prática. Viveremos em constante estado de desarmonia interior; e esta divisão gera sofrimento. Isso é bíblico: “O homem de coração dobre é inconstante em todos seus caminhos.” Nossa vida parece estar segmentada em duas partes distintas: a espiritual, no sábado, e a material, que se inicia sábado à noite e vai até o pôr-do-sol de sexta.

James A Shlemberg apresenta uma teoria chamada “Dissonância Cognitiva.” Essa teoria se divide em três partes: (1) você vive de acordo com o que crê, ou (2) você crê naquilo que vive. (3) Se você não viver de acordo com qualquer desses dois princípios, fatalmente perderá o equilíbrio mental.

Quem chega primeiro à nossa mente altera nossos hábitos. Quanto tempo dedico à Bíblia e à meditação? Se não dedico nada, meu testemunho será negativo, mesmo que eu não queira. Só minhas convicções não adiantam. Uma vez que minha vida é susceptível às influências, só posso testemunhar daquilo que acredito e vivo.

A mídia nos olha como consumidores, clientes, lucro em potencial. Até mesmo o

tão atual processo de Qualidade Total tem limites. Segundo a Bíblia. Temos que olhar o homem não como cliente, mas como nosso próximo.

RA  Uma vez que há uma flagrante diferença entre aquilo que a sociedade secular nos propõe e o caminho cristão, ser jovem adventista é ser “rebelde”?

VSL – Em certo sentido sim. Deus não muda; Seus princípios são eternos. Já a sociedade está em constante movimento, alterando suas normas de comportamento e, junto, está alterando também seus princípios morais. Aquilo que era errado, não é mais. Na sociedade, há sempre constante adaptação às necessidades de cada tempo, mesmo que para isso sejam sacrificadas algumas normas de conduta. “Como o homem veio do macaco,” – dizem – “a moral divina não importa.” A lei moral é uma “bela lenda.” E deve ser seguida com ressalvas, pois as necessidades dos tempos modernos nos obrigam a constantes adaptações. O problema é que a sociedade mudou tanto que obriga os seres humanos a se comportarem adaptando-se aos novos tempos. Temos que nos curvar aos apelos modernos para garantir a sobrevivência. Assim, adiamos muitas vezes nosso compromisso com o Céu, porque parece que seus apelos não se adaptam aos nossos dias. Curvamo-nos perante as exigências da sociedade, porém, quando o assunto é obediência a Deus, solicitamos que Ele nos entenda; afinal, “estamos bem intencionados”. “Trabalhei demais nesta semana para garantir minha sobrevivência e a de meus filhos, portanto, neste sábado não irei à Igreja. O motivo é justo e bom; Deus há de entender.”- pensamos. Assim, curvamo-nos perante os apelos do mundo e nos esquecemos de nos curvar perante os apelos de Deus, achando que Ele, em sua bondade, há de entender nossas “justas” necessidades”. Mas Deus não aceita que O coloquemos em segundo plano. “Buscai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça”, é o que Ele diz.

Deus nos criou à Sua imagem e parece que o homem quer criar Deus à sua imagem e semelhança. É a criatura querendo fazer Deus se sujeitar às suas necessidades. Deus é bom, sim, e temos que seguir os Seus planos.

Os três jovens hebreus foram altamente rebeldes: “e fica sabendo, ó rei, que não nos curvaremos...” Paulo foi rebelde. Basta lembrarmos de onde suas cartas foram escritas: da prisão. Ele se rebelou por uma causa. Essa “rebeldia” é necessária hoje. Homens que não se comprem nem se vendam por sua natureza rebeldes em relação às causas injustas.

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